A Espera
Bem naquele período entre a madrugada e a manhã que tem cor amarelo ovo eu quase fechava os olhos.
Dirigindo devagar.
Poucos carros e de repente a rua ficou completamente vazia.
Só folhas das árvores nas calçadas, agora bege por causa da época, caindo no caminho. E em frente o azul, o lado oposto dos prédios.
Os pássaros começam a cantar, alguns animais vêem isso como um sinal para acordar, alguns estão indo dormir agora. Mas o fato é que algo terminou e todos sabem disso. O desespero do amanhecer. A redundância do terminar.
Ela está encostada em poste. Loira, mas não do tipo saltitante. Cabelo curto. Corte reto na altura da nuca. Jaquetinha jeans. Pequenina e de óculos.
Quer carona?
...
...
...
...
É. Você mora por aqui?
Não.
Sei.
...
...
...
Hmmm...o carro é um lugar incômodo?
Claro que não.
...
...
...(dirigindo.)
E...como começamos?
Não sei. Acho que já começou.
Claro. Mas é que tenho um pouco de pressa.Trabalho amanhã, aliás...hoje. Daqui a pouco.
O que quer dizer? Quer tomar um café?
C-Claro, pode ser.
M- mas, eu, só quero dizer, sobre o serviço.
Serviço? Meu serviço? Sou garçonete na rua 15.
De dia?
De dia.
...
...
Ah, entendi. Você achou que eu era uma prostituta.
........... Não. Não.........? ............Desculpe........
Bem....obrigado.
.... Acha isso bom?
Não é fácil ser uma prostituta...
Mas se você estava ali...não passa ônibus naquela rua. O que estava esperando?