terça-feira, fevereiro 07, 2006

domingo.

Não teve chance. Não teve a mínima chance. Ele tinha 7 anos de idade e ela 30. Ele estava na quarta série e ela tinha vários filhos maiores que ele.E um de infância. Mas nunca o tocara.

Seu tórax se estiçalhou como vidro entre o mais leve e cuidadoso toque que os seus dedos puderam conceber. Os pássaros do passeio público conversam a noite.

Ela amarrou então o cadarço dele tão segura e graciosamente, e tão sensualmente primorosa ao tocar-lhe as ancas do calcanhar que ele ofereceu-lhe o outro também.

Este também não está bem amarrado.

Ela manteve o sorriso menor que o diâmetro de um olho a outro.

Não fosse tão pequena a extensão das suas quase inexistentes nádegas, não teria sido um desperdício que tivessem sido tocadas, já que sua perna estava em cima da cadeira.

Pensou que seria um pouco pedante terminar o conto com “Vire-se e beije-me Luíse.” Seria muito filme americano. Com algum nome como “Sob a luz do luar”

Mas seria, sim pedante, certamente. Melhor, bem, se nada melhor temos a dizer, que seja somente algo bobo que desvende por fim um pequeno mistério de final clichê conhecido. Pra que se dar ao trabalho de esperar o desenvolvimento da trama? Arte moderna amigos. Não espera mais trem. Nem mesmo anda a pé. Viaja no ar através de ondas radioativas e esquentam o sol cada dia um pouco mais. Mas os filhos protegidos de Deus nunca andam a pé. Tem algo a ver também com a vez que acenou para o avião do portão a noite e este respondeu piscando as luzes.

Nós taurinos não sabemos a hora de calar a boca.
Sempre perdemos uma boa chance de ficar quietos.
Se eu fosse virginiano, o filme seria francês.

Luíse, me dê um beijo, agora.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Se fosse virginiano, pareceria um filme frances.

4:03 PM  

Postar um comentário

<< Home

Acessos: